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quinta-feira, 29 de maio de 2008

Conservação voltada para as Pessoas

Colocar a Natureza e a biodiversidade contra as pessoas não faz sentido. Ambientalistas defendem que a saúde e o bem-estar humanos devem integrar os esforços de preservação

por Peter Kareiva e Michelle Marvier
Em 2004, a World Conservation Union colocou três urubus – o bico longo (Gyps indicus), o bico estreito (Gyps tenuirostris) e o urubu-de-cabeça-branca (Gyps bengalensis) – na lista de espécies seriamente ameaçadas. A população das três espécies chegava a quase 40 milhões na Índia e no sul da Ásia no início dos anos 90, mas diminuiu mais de 97%. Os motivos para salvar esses urubus da extinção podem ser apresentados em termos familiares: temos a obrigação ética de salvar a biodiversidade do mundo para seu próprio bem. Mas os motivos também poderiam ser apresentados de outra forma. Por muito tempo, observadores não sabiam o que estava provocando o declínio dos urubus. Alguns especulavam que a culpa era da perda de hábitat ou da poluição. Há vários anos pesquisadores descobriram que a morte das aves era causada por um medicamento antiinflamatório, o diclofenaco, normalmente ministrado às vacas. Em bovinos e seres humanos o medicamento reduz a dor, mas nos urubus provoca falência renal. Com o desaparecimento dos urubus, milhares de carcaças de vacas, que eram deixadas para as aves, apodrecem ao sol, onde incubam antraz, segundo alguns relatos, e são consumidas por cães. Devido à grande oferta de alimento, a população de cães selvagens explodiu e com ela a ameaça de raiva. Logo, o destino dos urubus está associado ao de milhões de pessoas: salvar os urubus da extinção protegeria as pessoas de doenças perigosas.Observadores casuais nem sempre enxergam os elos entre o bem-estar dos seres humanos e a ajuda a espécies ameaçadas, mas essas ligações são abundantes em muitas situações que envolvem conservacionistas. Ecossistemas como as zonas alagadiças e mangues protegem as pessoas de tempestades letais; florestas e recifes de coral fornecem alimentos; o dano a um ecossistema pode prejudicar outro a meio mundo de distância, assim como aqueles que dependem dele para recursos ou receitas de turismo.Apesar dessa dependência mútua, o público e os governos vêem os esforços para preservar a diversidade biológica como a colocação das necessidades de plantas e animais acima das dos seres humanos. Para reverter essa tendência – e para melhor servir a humanidade e os organismos ameaçados – nós e um grande número de conservacionistas argumentamos que o modo antigo de priorizar as atividades de preservação deve ser trocado por uma abordagem que enfatize o salvamento de ecossistemas que tenham valor para as pessoas. Nosso plano deve salvar muitas espécies, protegendo ao mesmo tempo a saúde e a subsistência dos humanos.

domingo, 25 de maio de 2008

Reserva Biológica das Perobas

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Brasil é vaiado em conferência ambiental por causa de biocombustíveis

21/05/2008 - 12h05
Por Gilberto Costa, da Rádio Nacional da Amazônia


Brasília - Diplomatas brasileiros que negociam acordos ambientais na 9ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP-9), foram vaiados nesta terça-feira (20) durante a reunião, que acontece em Bonn, na Alemanha, após votarem contra o "princípio da precaução" na produção dos biocombustíveis.
Além das vaias em plenária, o país foi criticado por cerca de 200 manifestantes brasileiros e estrangeiros que usavam camiseta laranja em alusão ao fogo do desmatamento. Segundo a organização não-governamental (ONG) Terra de Direitos, a camiseta laranja tinha na frente os dizeres: "Brasil e Alemanha: comprometidos com a destruição da biodiversidade. Não compre este acordo".
A frase é uma referência ao recente acordo energético assinado entre os dois países, que inclui exportação de etanol e cooperação nuclear."A expansão da fronteira agrícola atualmente é a maior causa de perda de biodiversidade; então, o fato de o Brasil se opor a essa discussão nessa plenária demonstra claramente a irresponsabilidade do Brasil em relação a esse modelo. É uma postura absolutamente injustificada", apontou assessora jurídica da ONG, Maria Rita Reis.
Na avaliação da Terra de Direitos, a posição do governo brasileiro, favorável à produção dos biocombustíveis, é "insustentável".
Os ambientalistas temem que a expansão das lavouras de cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol brasileiro, empurre a produção de alimentos e a pecuária para a floresta e aumente o desmatamento na Amazônia. Na avaliação do pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Adalberto Veríssimo, essa possibilidade torna o país "bastante vulnerável" às críticas de estrangeiros."O Brasil vai continuar numa posição difícil, de tentar explicar o inexplicável. Não tem mais sentido o desmatamento no século 21 no patamar que se desmata na Amazônia, que é muito elevado", lembrou.
O superintendente de conservação para os programas regionais do WWF-Brasil, Cláudio Moretti, reconhece que há desinformação e "entendimento equivocado" sobre a produção de biocombustíveis no Brasil. No entanto, avalia que o país erra na negociação diplomática sobre o tema."Nós entendemos que a postura correta é negociar abertamente critérios socioambientais que sejam firmes e claros, agora não dá para aceitar isso quando o Brasil se coloca nos fóruns mundiais como se fosse perfeito: porque nós produzimos energia limpa, que é da hidrelétrica, daí não se discute os impactos da hidrelétrica; produzimos o combustível mais adequado que não é o petróleo, é o biocombustível e não aceita questionar que a sua forma de produzir biocombustíveis está errada", argumentou.
Os ambientalistas também defendem que o Brasil adote medidas mais rigorosas de controle do estudo de sementes geneticamente modificadas e isole a produção de alimentos transgênicos. (Envolverde/Agência Brasil)

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Indicação de leitura

APRENDENDO A LIÇÃO DE CHACO CANYON: do “Desenvolvimento Sustentável” a uma Vida Sustentável, por Fernando Fernandez


Gostaria de lhes pedir 30 minutos de seu tempo para a leitura atenta do texto de Fernando Fernandez, disponível a partir deste link: http://www.spvs.org.br/download/reflexao15.pdf .

III Encontro Regional de Agroecologia


Inscrições do III Encontro Regional de Agroecologia estão abertas.


Faça sua inscrição pelo site:





Nesse site você encontrará todas as informações necessárias sobre o encontro.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Alunos da Pós-Graduação em Biologia da Conservação visitam Ilha Grande

No último fim de semana, os alunos da Pós-Graduação em Biologia de Conservação fizeram uma visita técnica ao Parque Nacional de Ilha Grande. A visita faz parte das atividades práticas propostas pela especialização e foi acompanhada pelo professor do módulo de Conservação em Áreas Protegidas, Marcelo Bresolin.
O professor explica que o parque de Ilha Grande representa bem o atual estado das unidades de conservação do Brasil. “Diferente do Parque Nacional do Iguaçu, que já foi visitado pelos alunos e é uma das unidades modelo no Brasil, Ilha Grande é mais semelhante a todas as outras unidades do país. Os alunos conheceram um parque com menos servidores, menos recursos, menos infra-estrutura, mas muito bem conservado”, avalia o professor. “Isso é bom porque mostra uma realidade que os alunos tem grandes chances de encontrar na sua atuação no mercado de trabalho”, explica.
Para o aluno da especialização, Thiago Eugênio Armani, a visita técnica proporcionou uma visão de como funciona uma unidade de conservação envolvendo conceitos sociais, culturais e ambientais para a manutenção. “Apesar de ser uma região próxima ao Paraguay, e situações que envolvem fronteiras as vezes dificultam a preservação, a região esta intacta”, comenta Thiago.



Fonte: http://www.fag.edu.br/

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Socioambientalista?

por Marc Dourojeanni*
e-mail:
editor@oeco.com.br

O socioambientalismo é um fenômeno relativamente recente. Antes da sua invenção ninguém tinha pensado que o ambientalismo pudesse não ser de grande beneficio para a Humanidade, menos ainda que a conservação da natureza e dos seus recursos pudesse prejudicar a sociedade ou prosperar sem o apoio e a participação ativa da população, especialmente a local. Mas desde que o termo “socioambientalismo” foi cunhado, possivelmente à procura de uma originalidade que o justifique, essa tendência procurou se distanciar do ambientalismo criando supostas diferenças ou achando algumas reais que, no final das contas, tem dividido e prejudicado tremendamente o já fraco movimento ambiental.

Não existe uma definição acadêmica concreta do socioambientalismo, porém lendo aquilo que os que o praticam escrevem sobre eles mesmos, se deduz que é, concretamente, “um ambientalismo com consciência social”. Quem escreve sabe, por certo, que há muitas formas bem mais complexas de definir essa tendência e, sem dúvida, os críticos desta nota se encarregarão de chamar a atenção sobre as mesmas, poupando o autor de fazê-lo agora.

A dialética socioambiental usa e abusa de clichês que fazem correr sério risco de enfarte coronário os ambientalistas sem caráter muito forte e grande amplitude de espírito. Um dos mais comuns é afirmar que as unidades de conservação foram feitas triturando os direitos das populações locais e massacrando as que se opuseram. Outra frequentemente reiterada, é que as áreas protegidas são uma imposição do imperialismo americano aplicada no terceiro mundo pelos seus lacaios, ou seja, os ambientalistas. Foi evidentemente um socioambientalista, diga-se de passagem, um cidadão norte americano, que inventou o slogan “parques de papel”, tão usado pelo socioambientalismo para denegrir os esforços de se conservar amostras da natureza. Mas deixando de lado esses impropérios usados pelos extremistas, a linha divisória entre socioambientalismo e ambientalismo não é sempre clara.

Nesta nota é apresentado um simples questionário, baseado em 20 afirmações, que pretende ajudar aos leitores que assim desejam fazê-lo, a determinar seu grau de socioambientalismo. Cada afirmação, se analisada com sinceridade, resulta numa resposta quer seja afirmativa ou negativa. Cada resposta positiva vale um ponto. Essas características são:

1)Não conhece ou não compreende bem a definição de ecologia, mas acredita firmemente ser um “ecologista” ou, pelo menos, um defensor dela, e que sabe tudo o que precisa saber, por exemplo, sobre biodiversidade.

2)Não obstante considera que muitos conceitos da ecologia, como “dinâmica de populações” ou “espécie chave” ou “endemismos” são termos cabalísticos, que os ambientalistas usam para confundi-lo durante as discussões.

3)Tem fobia aos eucaliptos porque são exóticos e porque são cultivados por grandes empresas e você justifica invadir e destruir plantações e experimentos dessa espécie argumentando que esteriliza os solos e reduz a biodiversidade, esquecendo convenientemente que o mesmo faz uma plantação de cana de açúcar, dendê, banana ou soja, entre outras espécies, que também são exóticas.

4)Acha que a caça esportiva, ou com fins comerciais, é depredatória, além de cruel e nojenta, mas está convicto que a caça praticada pelas populações tradicionais é uma benção para as presas. Também acredita que essas populações nunca caçam até a exaustão das presas e que só caçam para consumo próprio.

5)Tende a ser contrário ao desmatamento da Amazônia, exceto quando este é realizado nos assentamentos rurais do governo, nas invasões dos “agricultores sem terra” ou praticado por povoadores tradicionais ou por outros agricultores protegidos pelos bispos, freiras ou outras mãos santas.

6)Você não se preocupa muito pela expansão da agricultura em qualquer lugar, exceto se nela se usam plantas transgênicas, mas você não sabe por que os transgênicos são ruins ou perigosos; no entanto está convencido que os selos das empresas transnacionais dos produtos transgênicos lhe provocam indigestão.

7)Tem convicção de que os ambientalistas são todos brancos, ricos e direitistas, que têm aversão aos pobres, aos que sempre impõem sem conversa nem consideração suas socialmente insensíveis vontades “verdes”.

8)Também acredita que os ambientalistas amam mais os bichos do mato, em especial as onças, que a seus próprios filhos e que tudo isso de “espécies indicadoras da saúde do ecossistema” é conversa para boi dormir.

9)A sua bíblia é o desenvolvimento sustentável, uma teoria tão utópica que você seguramente não a compreende. Nisso, você não está sozinho, pois muitos dos principais pensadores do mundo tampouco conseguiram explicar a lógica que sugere que o crescimento não tem limites naturais ou, mais simplesmente, que é possível consumir o que se tem e seguir tendo o que se consumiu.

10)Acredita, contrariando até o senso comum, que a presença humana na natureza aumenta a diversidade biológica e aprimora o ambiente e, por isso, infere que a natureza sem gente está condenada a desaparecer. Também pondera que como não existe realmente uma natureza intocada não precisa mais se preocupar com o fato de protegê-la.

11)Consequentemente tem aversão às unidades de conservação sem gente morando dentro ou explorando-as e, assim, faz tudo o que pode para introduzir mais habitantes nos parques nacionais e reservas biológicas, dando prioridade a índios, quilombolas e populações tradicionais.

12)Acredita que a legislação, em especial a ambiental, não é para ser cumprida pelos pobres e reconhece que, na prática, obedecer à lei é só para a minguada classe média, pois está acostumado a aceitar que os ricos tampouco a cumprem.

13)Assim, por exemplo, você é a favor da ocupação de áreas de preservação permanente por vivendas de pobres urbanos, inclusive nas beiras dos mananciais ou, pelo menos, está resignado a que assim seja.

14)Está convencido que os índios são mais sábios que os demais seres humanos, sem excluir aos que usam telefone celular para coordenar invasões de seus concidadãos paraguaios nas unidades de conservação do Sul do Brasil.

15)Acredita firmemente que o socioambientalismo é uma iniciativa brasileira ou latina americana e ignora, obviamente, que a sua origem é cem por cento de imperialistas, essencialmente dos EUA e da Europa ocidental e de organizações internacionais das mais direitistas que existem inspiradas na realidade da Ásia tropical.

16)Considera que no local onde moram mais de dez famílias afro-descendentes deve-se estabelecer um quilombo e que se deve conceder a eles a mesma extensão de terra que você supõe que teriam, se seus antepassados tivessem ficado na África.

17)Tem ódio fundamentalista pela energia nuclear e tampouco gosta das usinas hidroelétricas, mas tem e quer ter mais eletricidade na sua casa, embora proteste pelo seu custo elevado, apesar de saber que outras alternativas energéticas são ainda mais caras.

18)É um defensor radical do uso de biocombustíveis (exceto se são de origem transgênica), mas nunca fez o balanço ambiental da produção desses produtos para saber se eles realmente são uma opção ecológica, social e economicamente viável.

19)Você aprova a necessidade de audiência pública para criar unidades de conservação para proteger a natureza em beneficio da sociedade nacional, no entanto acha normal não exigir audiência pública para desmatar dezenas de milhares de hectares para estabelecer especulações agrícolas ou pecuárias privadas.

20)Está convencido que o Chico Mendes é o principal herói da conservação da natureza da história do Brasil.

Se a soma das suas respostas ao questionário alcançou 5 pontos, você é um simpatizante incipiente do socioambientalismo, embora possa, também, ser um ambientalista um pouco confuso; se alcança de 6 a 10 pontos, então você está no caminho certo para ser futuramente considerado um socioambiental; se acumulou de 11 a 15 pontos, é sem dúvida um socioambientalista de fato e de direito. Com mais de 15 pontos você é um socioambientalista incurável. Se a sua pontuação foi zero ou pouco mais que isso, você é obviamente um ambientalista.

Se, em muitas das afirmações, você ficou com dúvidas, ou seja, pensou que “assim como foi colocado não é, mas, poderia ser com algumas mudanças” ou “aquilo poderia ser válido em um ou outro caso”, então você é bem-vindo ao mundo real. A verdade é que, como indicado, a linha divisória entre ambientalismo e socioambientalismo é muito tênue e assim sendo muitos a atravessam até sem perceber.

Além do mais, ser socioambientalista não é nada tão ruim para você mesmo. Até é vantagem, pois na atualidade o socioambientalismo é politicamente correto no Brasil e em grande parte do mundo. Apenas é um desastre para a natureza e para o futuro dos seres humanos.

* Foi professor e decano da Faculdade Florestal da Universidade Nacional Agrária de Lima, Peru e Diretor Geral Florestal desse país. Atualmente é Presidente da Fundação ProNaturaleza.
Artigo site O ECO 02.04.2008 – www.oeco.com.br
Artigo enviado por gentileza de: Germano Woehl Jr - Instituto Rã-Bugio

O Valor da Biodiversidade Surge de Considerações Sociais, Econômicas e Ecológicas

A taxa de desaparecimento de certos tipos de espécies, particularmente aquelas mais vulneráveis à caça, poluição e destruição de habitat, está provavelmente agora no nível mais alto de todos os tempos da história da Terra. Algumas estimativas sugerem o desaparecimento de mais de uma espécie por dia, a maioria delas insetos de florestas pluviais tropicais. Esta perda acelerada de espécies está diretamente conectada ao crescimento e à capacidade tecnológica da população humana.
Por que se preocupar? Que preocupação é essa nossa se uma espécie de besouro desaparece da América do Sul? Muitas espécies já se foram, nós realmente sentimos falta delas? De fato, a extinção ocorre normalmente nos sistemas naturais. Por que deveríamos interrompê-la?[...]
Trecho do livro: Economia da Natueza (Robert Ricklefs)